Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.
Acontecimentos: o que marca sua aparição pública?
Públicos e valores evocados
Caetano atinge um público amplo e diversificado, de diferentes idades e classes sociais. Essa amplitude de públicos pode ser entendida em função de sua vasta trilha sonora em novelas brasileiras. Uma parte desse público se identifica também com seus posicionamentos políticos.
Ao longo de sua carreira, os valores evocados por Caetano envolvem sua produção artística e posicionamento político. Do enfrentamento ao regime militar às atuais críticas ao presidente Bolsonaro e seus filhos, a imagem de Caetano esteve e permanece ligada a valores de rebeldia, diversidade cultural e liberdade. Engajado com causas ambientais, é um dos ativistas do movimento 342 Amazônia, em parceria com Greenpeace Brasil e Mídia Ninja.
Por seu estilo irreverente na juventude, em que usava saias, roupas extravagantes e coloridas, Caetano não performava uma masculinidade viril e, por isso, também evoca valores de liberdade sexual e de gênero, o que aparece em suas canções e posicionamentos a favor das causas LGBTQIA+. Apesar de se declarar ateu, faz referências constantes em suas canções ao candomblé, às raízes africanas da Bahia e à sua identificação com Santo Amaro, Salvador e todo o Recôncavo baiano.
Em suas redes sociais, se posiciona com frequência contra o racismo, se envolvendo em campanhas como as que pediam a liberdade de Gustavo Nobre, jovem negro preso injustamente, e as que cobram investigações sobre o caso Marielle Franco. Nas eleições de 2020, fez campanha para Boulos e Manuela D’Ávila em seus perfis sociais.
Atualmente, Caetano utiliza suas redes sociais para defender a ciência e as vacinas, para divulgar campanhas de solidariedade a artistas da música durante a pandemia e para divulgar seu trabalho mais recente, a música Anjos Tronchos, em que questiona o poder dos algoritmos e da tecnologia. Aos 79 anos, não esconde as marcas da idade e, em suas redes sociais, posta constantemente fotos e vídeos da mocidade.
Interrogações:
Caetano se envolveu em diversas polêmicas a respeito de biografias não autorizadas. É um dos líderes da Associação Procure Saber, presidida por Paula Lavigne, que se opõe à publicação de biografias sem autorização. Vários artistas se opõem ao Procure Saber e às declarações de Caetano e Paula sobre as biografias, como Roberto Carlos, que deixou a associação depois de desentendimentos.
Chamado de “pseudo-intelectual” por alguns críticos, Caetano também se desentendeu muitas vezes com jornalistas e veículos da imprensa. Em 2004, declarou em um debate da FLIP que era contra a política de cotas. Em 2006, foi um dos artistas que assinou um manifesto enviado para o Senado e Câmara contra o projeto de lei que instituiu a política de cotas nas universidades federais e a reserva de vagas para negros no ensino superior e no serviço público. No entanto, em 2018, em sua conta do Instagram, Caetano divulgou a música “Cota não é esmola”, de Bia Ferreira, e apareceu cantando esse trecho da música em um vídeo com a cantora em sua casa. Por seu posicionamento progressista, Caetano é questionado por uma falta de alinhamento partidário.
Em 2017, Caetano moveu uma ação contra o deputado federal Marco Feliciano após ele ter declarado em suas redes sociais que o Ministério Público deveria pedir a prisão de Caetano por crime de estupro contra Paula Lavigne, compartilhando uma manchete sobre o caso. A queixa-crime de difamação e injúria foi julgada improcedente em 2021, e Cateano terá que pagar R$ 6 mil reais ao deputado. Também por declarações que o acusavam de pedofilia, Caetano move ações contra Olavo de Carvalho, que já deve ao cantor cerca de R$ 3 milhões em multas por não ter apagado as publicações.
Campo de exposição: onde Caetano Veloso é acessado?
Seu trabalho artístico é acessado em shows e festivais, plataformas de músicas, redes sociais e em trilhas sonoras para TV e cinema. Caetano aparece em seis filmes brasileiros e foi diretor do documentário “O Cinema Falado” (1986). Ele também pode ser acessado em livros: ao todo, escreveu sete livros e foi biografado em outras quatro obras.
Nas redes sociais, Caetano é seguido por 2,2 milhões de pessoas no Facebook, 2,1 milhões no Instagram, 830 mil em seu canal no Youtube e 997 mil pessoas no Twitter.
Dados coletados em 24/09/2021.
Raíra Saloméa Nascimento, mestranda do PPGCOM-UFMG e pesquisadora do Gris.