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Conheça a proposta

Liniker

Campo de exposição:

No Spotify, são 724 mil ouvintes mensais e 3,5 milhões de visualizações no YouTube. No Instagram, Liniker soma 750 mil seguidores e no Twitter, 24 mil. Além de seus dois álbuns como banda “Liniker e os Caramelows”, fez dezenas de participações com artistas de variados estilos musicais, como Péricles, Crioulo e Linn da Quebrada; foi capa de revistas famosas como Vogue, Glamour e Cláudia e atualmente é protagonista da série Manhãs de Setembro da plataforma de streaming Prime Video. 

Dados coletados em 05 de julho de 2021.

 

Acontecimentos

– Em 2014, ingressa na Escola Livre de Teatro, o que seria o início de uma carreira artística. 

– Em 2015, forma a banda “Liniker e os Caramelows” e lança o EP Cru, alcançando milhões de visualizações no YouTube.

– Em 2016, lança seu álbum de estreia, Remonta, gravado por meio de financiamento coletivo. O disco ganhou atenção da imprensa estrangeira e seguiu em turnê por mais de 20 países.

– Em 2018, Liniker participa do filme Bixa Travesty, que conta a história da cantora e ativista trans Linn da Quebrada. O filme venceu no mesmo ano o Prêmio internacional Teddy Award de melhor documentário LGBT.

– Em 2019 é lançado Goela Abaixo, o segundo álbum da banda, indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Alternativa. Liniker se torna a primeira artista trans da América Latina indicada ao Grammy. 

– Em 2020, Liniker se desliga da banda para seguir carreira solo. Faz parceria com artistas consagrados, como Milton Nascimento e Maria Gadú.

– Em 2021, torna-se embaixadora da marca Pantene no Brasil e estrela duas produções audiovisuais: a série documental do Facebook América Latina sobre diversidade, inclusão e negócios; e a série televisiva Manhãs de Setembro do Prime Video. Em Manhãs de Setembro, Liniker interpreta Cassandra, uma mulher trans cantora e motogirl em São Paulo que descobre ter um filho de 10 anos.  

 

Valores

Nas redes sociais, suas postagens misturam poesia e engajamento político em torno dos debates sobre gênero e sexualidade, beleza negra, corpos dissidentes, bem como críticas ao atual presidente da república. 

É ícone para o público LGBTQI+, exaltada por artistas trans e queer. Liniker reúne diferentes pautas progressistas e evoca em suas músicas e produções diferentes formas de existir, de afetos e sensibilidades; a ancestralidade das mulheres negras, o feminismo negro, a visibilidade trans e valores de igualdade, diversidade e liberdade. 

 

Interrogações

O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. O grande sucesso de uma cantora trans, negra e de origem pobre num país transfóbico e racista é um fato a ser positivamente interrogado. Ocupando lugares de visibilidade em diferentes segmentos artísticos, sua ascensão e aceitação no grande público e na mídia são significativas e contrastam com a realidade de exclusão e violência a pessoas trans e negras no Brasil.

 

Raíra Saloméa Nascimento, mestranda do PPGCOM-UFMG e pesquisadora do Gris.

Biografia

Liniker de Barros Ferreira Campos, conhecida como Liniker, é uma cantora, compositora, atriz e artista visual brasileira. Nascida em Araraquara, São Paulo, em 03 de julho de 1995, recebeu dentro de casa a influência musical que compõe sua carreira. Sua mãe, Ângela Barros, era professora de samba rock e seus tios são compositores de samba raiz há mais de 30 anos. Liniker compõe e canta canções de gênero soul e black music desde os 16 anos. Escrevia cartas de amor para os garotos de que gostava e, como não tinha coragem de entregá-las, descobriu uma forma de colocá-las para o mundo por meio da música. 

Ainda na adolescência, sentia-se intimidada de cantar por ter artistas profissionais na família e ingressou na Escola Livre de Teatro, em Santo André. Depois de alguns anos se dedicando ao teatro em São Paulo, retornou a Araraquara e conheceu os integrantes de uma banda local. Juntos, sob o título de “Liniker e os Caramelows”, a banda lançou em 2015 o primeiro EP intitulado Cru.  Com uma semana, o EP gravado ao vivo já tinha mais de um milhão de visualizações no YouTube. 

Com a fama em ascensão com apenas 20 anos, sua carreira seguiu junto à sua construção identitária, e os fãs puderam acompanhar o amadurecimento musical e pessoal da jovem artista. Ainda em 2015, Liniker se apresenta em entrevista ao El País como homem gay, utilizando turbantes, batom, brincos e bigode: “Sou negro, pobre e gay e posso ter uma potência também”. Em 2016, para reportagem especial da Rolling Stones, Liniker alterna entre pronomes femininos e masculinos, mas explica preferir os pronomes femininos. Em 2019, aos 23 anos, para a revista Marie Claire, Liniker se apresenta como mulher trans: “ser uma mulher com um pau é revolucionário.”

Depois de dois álbuns lançados e turnês internacionais, Liniker deixa os Caramelows em 2020 para seguir carreira solo, mas segue fazendo parcerias com a banda. A voz poderosa, que varia de forma impressionante em tons graves e agudos, tem ainda o típico rouco da música preta soul. É com essa potência vocal, aliada à potência autoral das letras românticas e dos arranjos sofisticados, que a cantora foi se consolidando como expoente da nova música brasileira. 

Liniker se define como multiartista e suas produções são acompanhadas de uma grande composição estética. Liniker dança, gesticula, encena e declama poesias. Além de clipes, algumas de suas músicas acompanham filmes de curta duração com interpretações da própria cantora. “Por que colocar uma calça jeans e uma camiseta e mostrar meu trabalho só com a voz? Meu corpo é um corpo político”.