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Conheça a proposta

Marcelo Rezende

Campo de exposição: onde é acessado? 

O principal espaço de exposição de Marcelo Rezende era o telejornal Cidade Alerta. Com transmissão nacional e quase três horas de duração, o programa mantinha a vice-liderança no horário, ficando atrás apenas da Rede Globo. 

Além de sua atuação diária no telejornal, Rezende também fazia participações esporádicas nos programas de entretenimento da Record, chegando, inclusive, a participar de um quadro para encontrar uma nova namorada. 

Em 2016, ampliou sua atuação para a internet, com a criação de perfis pessoais nas redes sociais Facebook e Instagram.  Sua conta do Instagram continua ativa hoje. O perfil tem 2,5 milhões de seguidores, tendo a última publicação – um dia após sua morte – quase 415 mil curtidas e mais de 45 mil comentários.

Acesso (23 de junho de 2019)

 

Acontecimentos 

Com mais de quarenta anos dedicados ao jornalismo, Marcelo Rezende foi um dos jornalistas de maior sucesso e popularidade do telejornalismo brasileiro. Rezende se encaixava no patamar dos apresentadores-estrela, com um salário que chegou a 700 mil reais mensais. Entre os acontecimentos que marcam sua trajetória, podemos destacar: 

 

– Reportagem Favela Naval: é o acontecimento que abre as portas para Marcelo Rezende se consolidar na Globo como jornalista investigativo. Produzida em 1997, a reportagem denunciava policiais que agrediam e extorquiam moradores da Favela Naval em Diadema (SP). Foi ao ar no Jornal Nacional e mostrou, inclusive, o momento em que um dos policiais, apelidado como Rambo, atirava contra um carro, o que culminou na morte de Mário Josino, um mecânico da Ford. A matéria repercutiu tanto no Brasil quanto no exterior e, mais importante do que isso, causou mudanças nas leis brasileiras sobre tortura.

– Linha Direta: em 1988, Marcelo recebeu o convite que mudaria os rumos de sua carreira. Junto com Roberto Talma concebeu o Linha Direta, programa que misturava jornalismo e dramaturgia e era uma tentativa da Rede Globo de se aproximar do público popular e combater o crescimento do programa do Ratinho no SBT. O programa estreou em 1999, marcando também a estreia de Rezende como apresentador. Sucesso de audiência, o Linha Direta tornou Marcelo reconhecido nacionalmente como um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro. No entanto, após desavenças com a equipe de produção, ele foi afastado do programa em 2000.

– Estreia no Repórter Cidadão: após 23 anos na Globo, em 2002, Rezende vai para a RedeTv! com a promessa de  ancorar o Jornal da TV em horário nobre. No entanto, faltando uma semana para a estreia, ele tem que substituir Datena no comando do Repórter Cidadão na mesma emissora. O programa é a estreia de Rezende no telejornalismo policial brasileiro e também o consagra como um dos principais apresentadores do formato.   

– Retorno ao Cidade Alerta: Afastado do telejornalismo policial há alguns anos, Marcelo Rezende surpreende os telespectadores ao adotar uma postura moderada e bem humorada na reestreia do telejornal em 2012. O sucesso do programa, que se consolidou como um dos líderes de audiência da Record, marca também uma mudança na visibilização do apresentador, que passa a se destacar no cenário nacional não só pela profissão que desempenha, mas também como uma celebridade midiática. 

– Descoberta do câncer/ Morte: no início de 2017, Rezende foi diagnosticado com um câncer no pâncreas e no fígado, o que o afastou do comando do Cidade Alerta. A doença foi revelada para todo o Brasil em uma entrevista do apresentador ao programa Domingo Espetacular, no qual Rezende demonstrava esperanças com a cura. Apesar do estágio avançado, optou por um tratamento não convencional longe dos hospitais e da quimioterapia e, após quatro meses da descoberta do câncer, no dia 16 de setembro, faleceu ao 65 anos. Seu velório, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, teve cobertura ao vivo da Rede Record e ampla repercussão nacional, reunindo familiares, famosos e também fãs do jornalista. 

 

Públicos/valores evocados 

Consagrado à frente dos telejornais policiais, Marcelo Rezende dialogava principalmente como as classes populares. Na leitura dos acontecimentos, combatia a violência, oferecendo soluções superficiais como o enrijecimento das leis e o fim da impunidade. Seu discurso desconsiderava, por exemplo, a desigualdade social, responsabilizando exclusivamente o indivíduo pela “escolha” da criminalidade. 

Adotava uma visão de mundo polarizada entre bem e mal, na qual vigorava uma justiça seletiva, que concedia direitos como dignidade, segurança e vida aos “cidadãos de bem”, excluindo aqueles que seriam os “malfeitores”.

Em seu diálogo com as classes populares evocava valores como justiça, honestidade, trabalho e família. Ao mesmo tempo, porém, também fortalecia valores como a meritocracia e o individualismo ao responsabilizar apenas o indivíduo por seu sucesso (cidadão de bem) ou fracasso (criminoso). 

Fora do telejornal, seja em programas de entretenimento ou em seus perfis das redes sociais, Rezende também expressava seu amor pelos filhos e a religiosidade. Apesar de não se vincular a uma religião, a fé foi um elemento determinante durante o período da doença, que o encorajou, inclusive, a adotar um tratamento alternativo para o câncer.  

Outro valor muito presente na trajetória de Rezende era a masculinidade. Marcelo se afirmava como um homem viril, destemido e em plena vivência da sexualidade, tanto que o “sapeca iaiá” tornou-se um de seus principais bordões.   

 

Fabíola Souza
Doutora em Comunicação Social pela UFMG e pesquisadora do GRIS.

Biografia

Marcelo Luiz Rezende Fernandes nasceu no dia 12 de novembro de 1951, no Rio de Janeiro. Era filho único e teve uma infância pobre, morando até os seis anos em um quarto de cortiço com os pais. 

Mesmo tendo interrompido os estudos sem completar o Ensino Médio, aos 17 anos conquistou seu primeiro emprego no Jornal dos Sports. Iniciou como estagiário e no ano seguinte, aos 18, foi contratado como jornalista. Trabalhou também no rádio e em jornais e revistas consagrados como O Globo e a revista Placar. 

Em 1988, iniciou sua trajetória na Rede Globo, onde permaneceu por mais de 23 anos, sendo o programa Linha Direta um dos marcos de sua carreira.  

À frente de telejornais policiais desde 2002, se consolidou, junto com José Luiz Datena, como um dos principais apresentadores do formato, tendo trabalhado em quase todas as grandes emissoras brasileiras, com exceção do SBT. 

Em 2012, assumiu o Cidade Alerta e conquistou altos índices de audiência na Rede Record. Sem perder o tom indignado, Marcelo trouxe um novo modo de apresentação para o telejornalismo policial, investindo também no humor e nas brincadeiras com a equipe de produção. 

No início de 2017, aos 65 anos, foi diagnosticado com um câncer no pâncreas e no fígado, o que o afastou do comando do Cidade Alerta. Após quatro meses da descoberta da doença, no dia 16 de setembro, faleceu. Sua morte comoveu o país e teve ampla repercussão na imprensa brasileira. Marcelo deixou cinco filhos, quatro mulheres e um homem, frutos de cinco relacionamentos.