Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.

Conheça a proposta

Paulo Gustavo

Acontecimentos: o que marcou sua aparição pública?

 – Beijo em capa de revista

Em 1999, aos 21 anos, o ator estampou a capa da revista “Sui Generis” beijando a boca do namorado da época. A edição da revista, voltada ao publico homossexual, chegou às bancas dentro de um saco plástico preto para evitar boicote de jornaleiros e possíveis embates judiciais para tirá-la de circulação. 

 

– Recorde de bilheteria

A trilogia de filmes “Minha mãe é uma peça” vendeu cerca de 22 milhões de ingressos. Lançada em 2019, a terceira produção da trilogia é, atualmente, o título de maior bilheteria de filme nacional de todos os tempos, com uma renda bruta estimada de R$143,9 milhões.

 

– Paulo Gustavo cedeu sua conta Instagram para Djamila Ribeiro

Em junho de 2020, Paulo Gustavo cedeu seu Instagram para a escritora Djamila Ribeiro, em uma ação de combate ao racismo. A filósofa e ativista publicou conteúdos e promoveu debates sobre a temática no perfil do ator, que tinha mais de 13 milhões de seguidores, durante um mês. 

 

Morte por Covid-19

O óbito do ator foi divulgado em um Plantão da Globo e a notícia de sua morte repercutiu tanto na mídia nacional quanto internacional, com diversas pessoas expressando tristeza, indignação e homenagens em suas redes sociais. A missa de sétimo dia da morte do artista ocorreu aos pés do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e o evento foi transmitido pela TV e internet. 

 

Públicos e valores evocados

Paulo Gustavo era reconhecido pela agilidade e espontaneidade com que fazia piadas, bem como pelo carisma e pelo carinho que demonstrava ter com amigos e familiares. O tom crítico e progressista de suas manifestações públicas também chamavam atenção – Paulo Gustavo era reconhecido por se manifestar de forma ácida em questões políticas, como contra o governo de Jair Bolsonaro.

Agregados ao humor, notam-se alguns valores que eram compartilhados nas postagens pessoais das redes sociais, bem como em entrevistas. Nelas, Paulo Gustavo fazia questão de mostrar momentos de amor fraterno e familiar em cenas de intimidade com a mãe, a irmã, o pai, bem como com a família que constituiu, enaltecendo os filhos fruto da união com seu esposo, Thales Bretas. Além de mostrar esses momentos de intimidade com a família, o comediante também enaltecia amigos em manifestações públicas. 

Outros valores eram acionados por Paulo Gustavo, como caridade. Após sua morte, o Padre Julio Lancellotti revelou que o artista doou R$ 1,5 milhão para entidade filantrópica.

Paulo Gustavo se assumia como homem gay branco e, assim como lutava para ser porta-voz de causas LGBTQIA+, promovia publicamente o apoio a causas antirracistas. 

 

Interrogações: 

– Piadas gordofóbicas

As piadas feitas por Paulo Gustavo eram reconhecidas muitas vezes por serem gordofóbicas. A personagem Marcelina, em “Minha mãe é uma peça”, por exemplo, é constantemente depreciada por ser gorda. Ao longo da carreira, entretanto, esse tipo de piada foi perdendo espaço em sua obra. Em “Minha mãe é uma peça 3”, a produção eliminou piadas gordofóbicas e homofóbicas. Segundo o ator, a mudança ocorreu devido ao seu aprendizado sobre as pautas em questão e seu amadurecimento pessoal.

 

– Nascimento dos filhos: uso da chamada “barriga de aluguel”

Paulo Gustavo e seu marido optaram pelo uso do método chamado “barriga de aluguel” para a concepção de seus filhos. O caso ganhou muita repercussão na mídia e levantou o debate sobre o método.  No Brasil, a prática é proibida, sendo possível apenas a chamada “barriga solidária”, que ocorre quando um parente, de até quarto grau, cede o útero para a pessoa que quer ter filhos.  

 

– Falta de “beijo gay” em “Minha mãe é uma peça 3”

Ao retratar um casamento entre dois homens no cinema, Paulo Gustavo foi criticado por não ter exibido uma cena de “beijo gay”. O escritor do longa tentou se defender das acusações alegando que o foco do filme era outro e que o alvo desse tipo de crítica não deveria ser ele.

 

– Voto nulo nas eleições de 2018

Apesar de ter feito duras críticas ao presidente Bolsonaro, sobretudo durante a pandemia do coronavírus, durante as eleições de 2018, Paulo Gustavo afirmou que não votaria em nenhum candidato à presidência.

 

Campo de exposição: onde Paulo Gustavo é acessado?

Paulo Gustavo surgiu e se consolidou no teatro e no cinema, atuando, escrevendo e produzindo muitos de seus trabalhos. A obra mais conhecida do comediante é a trilogia de filmes “Minha Mãe é uma Peça”. Sua presença na Internet é forte. Mesmo após a sua morte, as contas continuam ativas – ele possui 16,5 milhões de seguidores no Instagram, 1,4 milhões no Twitter, 6,6 milhões de fãs no Facebook e 25,1 mil inscritos e 2 milhões de visualizações no Youtube. São números bastante expressivos, tanto para uma celebridade nacional quanto internacional.

 (Dados coletados em 03/08/2021)

 

Chloé Leurquin, jornalista, doutoranda em Comunicação Social pela UFMG e pesquisadora do GRIS.

Biografia

Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros nasceu no dia 30 de outubro de 1978, em Niterói, Rio de Janeiro. Ator, comediante, escritor, roteirista, produtor e diretor, o artista foi criado em uma família de classe média e, logo cedo, assumiu-se bissexual. 

 Como ator, foi formado no curso de Artes Cênicas, na Casa de Artes de Laranjeiras, em 2005, junto com os amigos, também comediantes, Fábio Porchat e Marcus Majella.  Em pouco mais de 15 anos, Paulo Gustavo saiu do anonimato e se tornou um dos atores atuais mais queridos do cinema brasileiro. Seu humor, muito baseado em cenas familiares e cotidianas, teve como principal personagem Dona Hermínia. 

 Inspirado em sua própria mãe, Déa Lúcia Vieira Amaral, a história da dona de casa de classe média Dona Hermínia ganhou um espetáculo teatral próprio em 2006, o monólogo “Minha mãe é uma peça”, que foi adaptado para o cinema em três longas-metragens, escritos, roteirizados e protagonizados por Paulo Gustavo.

 Além da famosa trilogia, Paulo Gustavo também ganhou destaque nos filmes “Minha Vida em Marte” (2018) e “Os Homens São de Marte... e é para lá que eu vou” (2014), nos quais interpretou Aníbal e contracenou com a atriz e amiga Mônica Martelli. 

 Uma das coisas que chama atenção, na carreira de Paulo Gustavo, é que o artista ficou conhecido em todo o país sem praticamente aparecer na TV aberta. Já no canal fechado Multishow, ele fez alguns trabalhos que ganharam destaque: a apresentação do programa “220 Volts” e de várias edições do Prêmio Multishow; a participação no programa “Vai que cola” e na série “A vila”.

 Juntos desde setembro de 2014, Paulo Gustavo e o médico Thales Bretas casaram-se em dezembro de 2015, em uma cerimônia luxuosa no Rio de Janeiro. Em 2019, nasceram Romeu e Gael, filhos do casal. As crianças foram concebidas nos Estados Unidos, por meio da prática conhecida como “barriga de aluguel”.

 Aos 42 anos, no auge de sua carreira, Paulo Gustavo morreu. Após quase dois meses internado, faleceu em 4 de maio de 2021, tornando-se uma das mais de 500 mil vítimas de Covid-19 no Brasil.