Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.
Campo de exposição: onde Marília Mendonça é acessada?
Marília Mendonça se apresenta em cidades por todo o país e começa a fazer tours também pelos EUA e Europa. Sua produção fonográfica também é muito tocada nas rádios e plataformas de streaming. Além disso, com frequência dá entrevista para jornais e mídia especializada e participa de programas de entretenimento na televisão.
A cantora usa ativamente suas redes sociais para divulgar shows e produtos ligados à sua marca, posicionar-se sobre assuntos diversos, interagir com fãs e compartilhar seu cotidiano profissional e pessoal.
Possui 4,6 milhões de seguidores no Twitter e 7,5 milhões no Facebook. No Spotify tem 7,8 milhões de ouvintes mensais e em seu canal no YouTube se tornou a primeira artista brasileira a atingir a marca de 8 bilhões de visualizações. Nele são 15,3 milhões de inscritos.
(Dados coletados em 06/03/2020).
Acontecimentos: o que tem marcado sua aparição pública?
Públicos e valores evocados por Marília Mendonça
“Eu falo sempre que Marília Mendonça canta o cotidiano das pessoas” — frase comumente repetida pela cantora em entrevistas e shows, revela o modo como ela explica sua arte e seu sucesso. Suas canções versam predominantemente sobre relacionamentos amorosos pelo viés romântico e sobretudo pelo ponto de vista da mulher. A “sofrência” se relaciona a temas como traição e superação, término e outros conflitos. E muitas das letras abordam a liberdade e empoderamento do corpo da mulher, de modo geral.
Nesse sentido, apesar de a definição de um público majoritário ser difícil em se tratando do popularíssimo sertanejo universitário, destaca-se o segmento feminino jovem e adulto. Se no início da carreira e consolidação do feminejo Marília e suas congêneres rejeitavam associação com o feminismo, julgando-o vitimista ou evitando o termo, hoje já falam mais abertamente sobre, começando a nomear como tal a independência feminina que vêm cantando. Elas reivindicam, no sertanejo, lugar de fala sobre relacionamentos, sexo/sexualidade e consumo de álcool, antes exclusivamente masculino.
Marília Mendonça também afirma com frequência que alcançou o sucesso sendo ela mesma, valorando, assim, seu carisma e autenticidade como atributos reconhecidos pelo público. Por outro lado, a rainha da sofrência admite que tem procurado desvincular a personagem de suas canções — criada junto aos fãs e tão demandada por eles — de sua imagem pessoal. Paralelamente, ela reclama da “cruz” da fama (não só por situações como o ocorrido na campanha “#EleNão”). Antes, brincava sobre conseguir “transformar [o próprio] chifre em lucro”; já nos últimos anos parou de gravar composições próprias, temendo generalização e superexposição, e tem buscado o equilíbrio entre tal personagem, sua imagem pública e sua vida pessoal.
A arte e trajetória de Marília Mendonça a pleno vapor, portanto, também problematizam valores ligados à exposição e identificação na cultura das celebridades e à liquidez de relacionamentos na contemporaneidade.
Samuel Silveira
Bacharel em Comunicação Social pela UFMG
Bolsista de Apoio Técnico do Gris