Análise | Celebridades e Figuras Públicas Poder e Política

O ativismo de celebridades e o movimento #EleNão

O texto aborda a adesão de celebridades ao movimento #EleNão, procurando apreender algumas das disputas simbólicas em jogo nas eleições de 2018.

Fotografia por Wallace Barbosa/ AgNews

O movimento #EleNão conquistou a adesão de milhares de mulheres, conforme já analisado neste laboratório, e conforme o processo eleitoral vem se encaminhando para o final (tanto do primeiro quanto do segundo turno), o movimento foi engrossado por celebridades e empresas.

Existem celebridades cuja atuação é marcada pelo engajamento político – é o caso, por exemplo, de Chico Buarque, Letícia Sabatella, Camila Pitanga e Wagner Moura, que assumem um posicionamento à esquerda no espectro ideológico. Outras personalidades se situam mais à direita nas pautas que defendem – tais como Alexandre Frota e Regina Duarte. O que o movimento #EleNão provocou foi o posicionamento de outras tantas celebridades que até então não eram amplamente reconhecidas por seus posicionamentos políticos.

Podemos identificar o início dessa movimentação das figuras célebres na cobrança de fãs de Anitta por um posicionamento dela contrário ao que Jair Bolsonaro representa. Identificada com a defesa das causas LGBT, a cantora foi cobrada a repudiar a homofobia, a misoginia, o machismo, o racismo e o autoritarismo do candidato do PSL. A princípio, ela recuou e disse que não se posicionaria. No entanto, acabou respondendo à convocação feita por Daniela Mercury para participar das manifestações em 29 de setembro e convocar seus públicos a fazer o mesmo. Em seu vídeo, ela reitera que não apoia Bolsonaro e destaca que é nas ações do cotidiano que podemos manifestar nossa luta contra esses preconceitos. A interpelação de Daniela Mercury e a atuação de Anitta desencadearam um conjunto de manifestações de atrizes como Letícia Collin, Leandra Leal, Alline Moraes, de cantoras como Maria Gadú, Marília Mendonça e Elza Soares, além de outras tantas artistas que aderiram ao movimento. Em seus vídeos, de diferentes maneiras, elas convocam as mulheres a lutar contra o machismo, a misoginia, o racismo, a violência; elas acionam valores como o amor, a honestidade, a igualdade, a união, ao mesmo tempo em que condenam o ódio, a incompetência e a violência para se posicionar a favor da democracia.

Tais posicionamentos geraram controvérsias entre os públicos dessas celebridades. Há quem esteja em sintonia com esses valores defendidos por elas e  também quem condene a atuação dessas personalidades, através de manifestações de crítica e mesmo xingamentos. Marília Mendonça, por exemplo, sofreu ameaças depois de divulgar um vídeo se posicionando a favor do #EleNão e acabou recuando no mesmo dia, pedindo paz para ela e sua família.

De modo geral, vemos que as celebridades, ao usarem seu prestígio e seu potencial de visibilidade em defesa da própria democracia, consolidam uma outra forma de atuação das personalidades famosas na cena pública. Uma atuação mais ligada à defesa de causas coletivas e movimentos sociais, em que passam a representar um papel de  autoridade, outrora ocupado por outros tipos de figura pública, como os intelectuais e líderes religiosos (WHEELER, 2013, P. 116). Tal deslocamento promove, em certa medida, a movimentação dos discursos políticos na esfera pública e tensiona a constituição das disputas simbólicas que se processam entre essas celebridades e seus públicos.

Não é possível aqui medir a eficácia desses posicionamentos das famosas nos resultados eleitorais. De qualquer forma, podemos entender esse processo de politização das celebridades nas eleições de 2018 como parte de um movimento importante da democracia brasileira e também da popularização do feminismo – como discutido na análise do #EleNão. Os esforços das celebridades se somam, assim, aos das milhares de mulheres – e homens – que se colocam frontalmente contra a ameaça representada por Bolsonaro, que além de ameaçar minorias políticas, promete fazer um governo que extinguirá  a cultura, educação e promete investir na censura de seus opositores.

Paula Simões

Professora do PPGCOM/UFMG. Pesquisadora do GRIS.

Mayra Bernardes

Mestranda em Comunicação pelo PPGCOM-UFMG, Pesquisadora do GRIS

Referência

WHEELER, M. Celebrity politics: Image and Identity in Contemporary Political Communications. Cambridge, UK; Malden, USA: Polity Press, 2013.



Comentários

  1. vardenafilo precio disse:

    Entre los medicamentos que pueden causar impotencia están muchos de aquellos tomados para la presión arterial alta (en particular los diuréticos y los bloqueadores beta), los medicamentos contra la úlcera, los medicamentos usados en la quimioterapia y la mayoría de los medicamentos que se emplean para los problemas psicológicos, incluyendo los antidepresivos, los antiansiedad y los medicamentos antipsicóticos.

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