Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.
Campo de exposição
Formiga pode ser encontrada no Instagram, onde possui pouco mais de 394 mil seguidores (28/11/2022). A jogadora também é convidada com frequência para conceder entrevistas a veículos da imprensa esportiva, tanto no meio “tradicional” como rádio e TV, quanto na internet, em canais do YouTube e portais independentes que realizam a cobertura do futebol feminino. Atualmente, está trabalhando como comentarista na Copa do Catar pela TV Globo.
Acontecimentos
– Em 2019, ao participar de sua sétima Copa do Mundo, Formiga se tornou a única pessoa do mundo a ter participado, como atleta, de sete edições do torneio, considerando o futebol feminino e masculino.
– Nos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020, Formiga se tornou a única jogadora de futebol do mundo a participar de todas as edições dos Jogos Olímpicos desde que a modalidade passou a fazer parte das Olimpíadas.
– Integra a Sala Anjos Barroco desde 2015, onde se encontram os maiores craques do futebol brasileiro, no Museu do Futebol localizado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. A sala conta com 29 jogadores homenageados no total, sendo 25 homens e apenas 4 mulheres (Formiga, Marta, Cristiane e Sissi).
– Nas Olimpíadas do Rio em 2016, Formiga ultrapassou o número de jogos disputados pelo lateral Cafu e se tornou a jogadora que mais vestiu a camisa da Seleção Brasileira, considerando homens e mulheres.
Público e valores
Formiga defende, constantemente, a luta por igualdade de gênero no futebol, por mais investimentos na modalidade e se coloca como um exemplo para as próximas gerações, evidenciando sua batalha para chegar até onde chegou.
Além disso, a própria figura de Formiga é um símbolo de resistência. Em suas redes sociais e em entrevistas, Formiga se posiciona constantemente em relação a questões sociais como o racismo, além de pertencer e lutar pela comunidade LGBTQ+, mostrando o seu cotidiano tanto na vida privada quanto no meio esportivo, nos bastidores de treinos e jogos.
Assim, sua imagem está atrelada, principalmente, a esse lugar de resistência e de defesa por um futebol mais igualitário, evocando públicos que se identificam com a pauta, além, é claro, de torcedores no geral, seja da Seleção Brasileira Feminina, de clubes em que ela joga ou já jogou ou do público que aprecia e acompanha futebol.
Pontos de interrogação
Em um país que constantemente é chamado de “país do futebol”, vemos uma personagem que não tem quase nenhum tipo de visibilidade na imprensa esportiva. Apesar de seus recordes, a jogadora só é lembrada a cada 2 anos pela mídia e pela sociedade nas edições dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo feminina.
Formiga é o reflexo de um Brasil que só é país do futebol masculino e que não valoriza as suas atletas que, mesmo sem incentivo, patrocínio, apoio dos clubes, ainda conseguem trazer medalhas. Um país que, apesar de todos os obstáculos, ainda forma jogadoras como Formiga.
Além disso, entre 2017 e 2021, Formiga vestiu a camisa do PSG, um clube que, segundo dados de 2021, tem um time masculino que vale mais de R$6 bilhões. No entanto, o salário mais alto pago ao time feminino da equipe francesa, no mesmo ano, é de R$ 240 mil mensais, o que não chega nem perto do que é desembolsado para a modalidade masculina, evidenciando as contradições e assimetrias entre o investimento no futebol praticado por homens e por mulheres.
Rafaela Cristina de Souza, graduanda em Jornalismo (UFMG).
Beatriz Ribeiro Costa, graduanda em Jornalismo (UFMG) e bolsista de Iniciação Científica do GRIS/UFMG (CNPq).