Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.

Conheça a proposta

Ana Paula Xongani

Campo de exposição

O principal campo de exposição de Ana Paula Xongani é o Instagram, rede social na qual ela contabiliza 200 mil seguidores.

No seu canal do YouTube são mais de 94,8 mil pessoas inscritas, que conta com mais 2 milhões de visualizações.

Hoje Ana Paula também está na TV, como uma das apresentadoras do programa “Se essa roupa fosse minha”, do canal fechado GNT, do Grupo Globo.

Em um dos primeiros vídeos do canal, em 2015, Ana Paula diz: “A gente [mulheres negras] não tá na TV, mas está no YouTube”.

Cinco anos depois, Ana Paula Xongani tem alcançado visibilidade nas mais diferentes plataformas, inclusive na TV aberta, tendo protagonizado campanhas publicitárias de grandes empresas como Natura e Bradesco. Nas plataformas digitais a estilista também mantém parcerias com marcas como Avon, Salon Line, MAC Cosmésticos, Bayer e Creators For Change do YouTube.

(Informações coletadas em 02/10/2020)

 

Acontecimentos e eventos controversos

  • Em 2017, Xongani protagonizou a controvérsia da retirada de circulação do livro infantil “Peppa”, da escritora paulista Silvana Rando. Ana Paula fez um vídeo em abril de 2016, o “Peppa NÃO”, com duração aproximada de seis minutos, apontando estereótipos racistas no livro, que contava a história de uma menina que convivia e lidava com seus fios de cabelo duros como aço. A youtuber teve contato com a obra infantil por meio da filha, que o recebeu na rede municipal de São Paulo, na época. Nesse vídeo, Xongani se coloca como mãe de uma menina negra que tem lutado para reverter a imagem do cabelo crespo como “ruim”, “palha de aço”, e questiona na tela: “Que informações a gente tá passando para essa criança? Que seu cabelo de novo é difícil? Que seu cabelo de novo é complicado de tratar?”.
    Em outubro de 2017 seu vídeo volta a ter muitos acessos em outra rede social, o Facebook, alcançando mais de 300.000 visualizações. No dia 17 de novembro, a autora e a editora responsável retiram o livro de circulação.
  • Em 2018, outro vídeo de Xongani repercutiu nas plataformas digitais. Em “Eu tenho pressa“, Ana Paula fala sobre a experiência de ser mãe de uma menina negra e testemunhar a rejeição que a filha sofre, e de como essa experiência reaviva lembranças esquecidas da sua própria infância. Embora as práticas de enfrentamento ao racismo tenham avançado, Xongani enfatiza, muito emocionada, que o isolamento e a rejeição ainda estão presentes no crescimento das crianças negras.
  • A influenciadora digital foi indicada ao prêmio Sim à Igualdade Racial 2019 na categoria Representatividade em Novos Formatos ao lado de Maíra Azevedo (Tia Má), Yuri Marçal e AD Júnior.
  • Desde 2019, apresenta o programa “Se essa roupa fosse minha”, no canal fechado da GNT, sobre consumo consciente de moda.
  • Ana Paula é a primeira mulher de dreads a protagonizar e participar campanhas publicitárias para cabelos.
  • Em julho de 2020, Xongani assumiu o espaço de colunista na plataforma Universa UOL.

 

Públicos e valores evocados

Ana Paula Xongani registra com frequência seu empenho em propor novas narrativas, que sejam construtivas no combate ao racismo, do machismo, da LGBTQfobia, dentre outras opressões, ao invés de apenas relatos negativos – embora já tenha percebido que seus conteúdos com maior número de visualizações sejam narrativas de sofrimento.

Nos comentários do canal no YouTube e no perfil do Instagram há predomínio de mulheres. Particularmente no YouTube, a maior parte dessas mulheres são negras que se engajam na plataforma criada por Xongani, que promove sua experiência enquanto mulher negra no combate as violências raciais simbólicas na moda, no empreendedorismo e na beleza.

Na defesa de um ativismo afetivo, é por meio de assuntos que atravessam os temas moda, beleza, maternidade e posicionamentos antirracistas que Ana Paula mobiliza a autoestima, sobretudo das mulheres negras, como valor da marca Xongani e da sua marca pessoal.

 

Deize Paiva, mestranda em Comunicação Social pela UFMG

Biografia

Ana Paula Xongani é empresária de moda e influenciadora digital.

Nascida no dia 1° de março de 1988 como Ana Paula Mendonça Costa Pedro Ferro, ela é formada em Design de Interiores, empresária e estilista da marca Xongani. Mais conhecida pelo canal no YouTube que leva seu nome, Ana Paula tematiza moda, comportamento, estética e estilo afro-brasileiros.

A estilista cresceu em um ambiente de militância negra em São Paulo, frequentado por sua mãe e seu pai. Nesses espaços teve a oportunidade de participar de diferentes projetos e atividades desde a primeira infância.

Mulher negra, de pele escura, nos ambientes de educação Ana Paula enfrentou diversas experiências de racismo, com prejuízo nas relações afetivas na escola e avaliações acadêmicas da faculdade.

Em 2008, Ana Paula se casou. Em 2009, terminou a graduação em Design de Interiores.  Em meados dos anos 2010, ela se mudou para Moçambique, país natal de seu marido, no sul do continente africano. Lá, teve contato e se conectou com várias práticas culturais. Dois deles foram importantes para a construção atual da imagem de Ana Paula e o resgate da estética afro que ela reivindica em sua marca: os tecidos africanos e os dreadlocks.

Na volta ao Brasil, apresentou os tecidos para a mãe costureira, Cristina Mendonça. As duas, que já costuravam, viram nesse material a oportunidade de valorização e resgate da ancestralidade africana, especialmente pela e para as mulheres negras, e fundaram o Ateliê Xongani.

Em um vídeo nos primórdios do canal no YouTube, Ana Paula e a mãe explicam que o nome Xongani tem origem na palavra “Changane”, do idioma Changana, do sul de Moçambique, que significa “se enfeitem” ou “fiquem bonitas”. No YouTube, seu primeiro vídeo, de divulgação da marca, é do dia 5 de julho de 2012.

Em 2014, Ana Paula teve uma filha, Ayoluwa, mencionada com frequência em seu canal, onde ela passou a abordar também a maternidade e processos de fortalecimento positivo da infância de crianças negras.

Em 2015, Ana Paula Xongani estabelece um novo objetivo para o canal, como um espaço de extensão do Ateliê Xongani e com a publicação mais frequente de vídeos. De lá para cá, o canal que nasceu como um meio de divulgação do Ateliê Xongani, tornou-se um espaço pessoal de Ana Paula, que hoje mobiliza milhares de inscritos.