Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.

Conheça a proposta

Cazuza

Campo de exposição

Com produções atemporais, as obras do cantor, que antes eram acessadas somente através de discos e shows, atualmente também estão disponíveis em plataformas de streaming, como o Spotify. Nesta plataforma, na qual o cantor possui mais de 1 milhão de ouvintes mensais, encontram-se todos os seus álbuns, tanto solo quanto da época do Barão Vermelho. Cazuza também possui redes oficiais em seu nome. No Instagram e TikTok, locais muito usados para o compartilhamento de memórias referentes a sua trajetória, já são, respectivamente, 122 e 100.8 mil seguidores. Já no YouTube, onde também se encontram várias obras do artista, são quase 180 mil inscritos. No Twitter e Facebook, são apenas 1.866 seguidores e 22.210 curtidas, respectivamente. 

(Dados coletados em 05/12/2022)

Acontecimentos

  • Em 1980, cantou pela primeira vez em público quando se juntou ao grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone.
  • Em 1981, foi indicado por Leo Jaime para ser vocalista de uma banda de garagem, o Barão Vermelho.   
  • Em 1985, deixou o Barão Vermelho para seguir carreira solo.
  • Assumiu publicamente, em 1989, que era soropositivo. Sendo a primeira figura pública brasileira a confirmar que era portador do vírus HIV, possibilitou um maior conhecimento da doença que, na época, era recém-descoberta e cercada de preconceitos.

Públicos/valores evocados

Cazuza nasceu e passou parte da juventude no sanguinário regime militar. A revolta e a visão progressista são o reflexo de uma geração pautada na doutrinação e ausência de liberdade de expressão. Por esse motivo, Cazuza fazia parte e se comunicava com um público jovem, questionador e inconformado que se aliava a movimentos de esquerda e enxergava na música dele uma forma de resistência. Além disso, se mostrou muito pertinente ao trazer a público o seu quadro médico naquele contexto, o qual carrega tabus até os dias atuais. Sendo assim, sua imagem evoca valores como da juventude, liberdade, rebeldia e transgressão. 

Apesar disso, por nascer em uma família de classe média alta, o cantor também possuía comportamentos frutos de uma criação pomposa e abastada. Isso não condizia com as críticas que fazia em suas canções e muito menos com a situação econômica em que grande parte do público-alvo dele se encontrava, uma vez que a década de 1980 foi marcada por alto nível de desemprego e inflação descontrolada, o que resultou no apelido de “década perdida”. Nesse contexto, então, aflora um ponto de tensionamento em sua trajetória. 

Autor: Isadora Correa de Moura Rodrigues, graduanda em Jornalismo (UFMG).

Coautor:  Amanda Nascimento, graduanda em Relações Públicas (UFMG) e bolsista de Iniciação Científica do GRIS/UFMG (CNPq).

Biografia

Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu na capital do Rio de Janeiro em 4 de abril de 1958. Antes mesmo de nascer recebeu o apelido “Cazuza” e, na infância, não respondia a chamada na escola por não saber seu nome de batismo. Filho de um pai produtor musical e mãe cantora, Cazuza sempre teve contato com a música e cresceu cercado de grandes nomes da indústria brasileira, como Caetano Veloso e Elis Regina. 

Por volta dos 7 anos, começou a escrever letras e poemas que mostrava à avó, Alice. Apesar do talento para escrita, não era um aluno dedicado. Estudava em escolas particulares e chegou a trocar de colégio para evitar reprovação, e, por causa da promessa do pai, que disse que lhe presentearia com um carro caso ele passasse no vestibular, Cazuza foi aprovado em Comunicação nas Faculdades Integradas Hélio Alonso em 1976, mas largou a faculdade três semanas depois. 

Logo depois, começou a frequentar o Baixo Leblon, onde levou uma vida boêmia, bebendo, fumando e se relacionando sexualmente com homens e mulheres. Para tentar controlar a vida de farra do filho, o pai – João Araújo – que fundou uma das maiores gravadoras do país, a Som Livre, arrumou um emprego na gravadora para o filho. Passada a temporada trabalhando, Cazuza cursou fotografia em uma universidade dos Estados Unidos. 

Ao retornar ao Brasil, fez parte da banda de rock brasileira Barão Vermelho. Com uma produção barata e dois dias de gravação, o primeiro disco homônimo do grupo foi lançado. Um ano depois, com uma produção melhor, lançaram Barão Vermelho 2, dobrando o número de cópias vendidas. Foi durante essa época que Caetano Veloso apontou Cazuza como o maior poeta da geração e criticou as rádios por não tocarem a banda. Logo depois, Ney Matogrosso gravou uma das músicas da banda, "Pro Dia Nascer Feliz", o que catapultou o sucesso do grupo.

Nos anos seguintes, eles gravaram uma música para um filme, lançaram um terceiro álbum que foi disco de ouro e se apresentaram no Rock in Rio. 

Em 1985 inicia sua carreira solo e, após ser internado por pneumonia, o cantor decide fazer um teste de HIV, o qual deu negativo. No mesmo ano, lançou o álbum de estreia Exagerado e, em 1986, lançou “Só se for a Dois”. Em 1987, a AIDS se manifestou e Cazuza foi para Boston, EUA, para tratar a doença. No mesmo ano, voltou para o Brasil, lançou o álbum Ideologia e teve uma turnê que rodou o Brasil todo. Em 1989, Cazuza declarou em rede nacional ser soropositivo, e seu último álbum em vida, Burguesia, foi gravado com ele em uma cadeira de rodas. Em 1990, aos 32 anos, após diversos tratamentos, Cazuza morreu de choque séptico causado por complicações da AIDS. Seu funeral foi acompanhado por família, amigos e fãs. No ano seguinte, foi lançado o álbum póstumo Por Aí.