Nosso Radar de Celebridades tem com objetivo identificar e apresentar um grande painel das celebridades de nosso tempo - figuras públicas brasileiras que têm alcançado destaque e adesão junto a públicos significativos.

Conheça a proposta

Drauzio Varella

Campo de exposição: onde Drauzio Varella é acessado?

O principal campo de exposição de Drauzio Varella são os quadros e reportagens sobre temas relacionados à saúde, questões sociais e direitos humanos que ele protagoniza na Rede Globo de Televisão, sobretudo no Fantástico, e no espaço da sua coluna na revista Carta Capital.

Além da televisão, Drauzio Varella também é bastante ativo nas redes sociais. Seu canal no YouTube tem 2,28 milhões de inscritos, tendo 10 vezes mais seguidores do que o canal oficial do Ministério da Saúde na mesma plataforma. No Instagram, possui 1,1 milhão de seguidores, no Twitter, 378 mil, e sua página no Facebook possui 3 milhões de curtidas. (Acesso em 18 de abril de 2019)

 

Acontecimentos: o que tem marcado sua aparição pública?

  • Campanha de prevenção à AIDS na Rádio Jovem Pan

Em 1986, Drauzio Varella se projetou nacionalmente ao conduzir campanhas de prevenção à AIDS na Rádio Jovem Pan, que tem/tinha um público majoritariamente jovem, testando (e comprovando) seu didatismo e habilidade para lidar com tabus e casos controversos, como as infecções sexualmente transmissíveis. 

  • Carandiru (filme e livro)

Seu trabalho voluntário na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, que deu origem a um livro, ganhou grande destaque após a adaptação para os cinemas, com o filme dirigido por Hector Babenco. O filme e o livro contam a história de detentos e detentas a partir das visitas feitas pelo médico, mostrando as condições precárias em que as pessoas eram mantidas no presídio, humanizando suas existências e expondo o horror do massacre ocorrido no local em 1992. Em 2015, o filme foi eleito um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

  • Caso Suzy

Em março de 2020, o Fantástico veiculou uma reportagem sobre a visita de Drauzio Varella à Penitenciária José Parada Neto, que fica em Guarulhos/SP. Nessa reportagem, o médico entrevista mulheres trans privadas de liberdade, expondo a situação de abandono, preconceito e violência vivenciada por essas mulheres dentro do sistema prisional brasileiro. A cena de Drauzio Varella abraçando Suzy, uma mulher trans que não recebia visitas há 8 anos, viralizou nas redes sociais, mobilizando o envio de cartas e presentes à interna. Se, por um lado, houve uma recepção positiva e sensível à reportagem, de outro, ela despertou reações negativas por parte de figuras conservadoras e ligadas ao bolsonarismo, que promoveram ataques às redes sociais de Drauzio e divulgaram documentos revelando o motivo pelo qual Suzy foi condenada à prisão. No olho do furacão, Drauzio Varella e a Rede Globo se pronunciaram sobre o ocorrido, destacando que o objetivo da reportagem não era discutir os crimes que as mulheres cometeram, e sim denunciar as violações sofridas por elas dentro do sistema prisional. 

Mais de um mês após a série de acontecimentos, a reportagem continua repercutindo nas redes sociais, dessa vez com um meme feito a partir da fala de Drauzio Varella para Suzy, “Solidão, né, minha filha?”

 

Públicos e valores evocados por Drauzio Varella

Drauzio Varella é uma figura bastante popular, como podemos atestar ao analisar o número de seguidores que possui nas redes sociais e por sua trajetória na televisão. Seu ofício de médico, aliado ao didatismo, às experiências que teve com populações marginalizadas e à desenvoltura diante das câmeras, lhe conferem autoridade e prestígio para falar sobre temas ligados à área da saúde com um recorte social, desmistificando a figura do médico distante e frio que povoa o senso comum. Seu sucesso na Rádio Jovem Pan e nas redes sociais atestam, também, que possui um apelo especial entre o público jovem.

Por abordar de maneira acessível temas considerados tabus sociais (como as ISTs) e descobertas científicas, Drauzio é uma figura importante para a difusão de informações qualificadas sobre saúde para a população brasileira, tendo o combate às fake news como um de seus compromissos sociais. Sendo assim, é possível afirmar que a figura de Drauzio Varella une valores muito destacados na sociedade contemporânea mas que nem sempre andam juntos: a humildade e o rigor científico. Por trabalhar com grupos marginalizados, os valores do altruísmo e da empatia também se fazem presentes em sua persona pública.

 

Mayra Bernardes, mestra em Comunicação Social (PPGCOM-UFMG) e pesquisadora do Gris e do Coragem
Evelly Lopes, graduanda em Publicidade e Propaganda (UFMG) e bolsista de Iniciação Científica do GrisLab

Biografia

Antônio Drauzio Varella nasceu em 3 de maio de 1943, na capital de São Paulo. Filho de Lydia e José Varella, Drauzio perdeu sua mãe para uma doença degenerativa quando tinha apenas 4 anos, o que o levou a ser criado somente pelo pai. Neto de imigrantes espanhóis e portugueses, o menino passou a sua infância no Brás, acompanhado de seus dois irmãos — Maria Helena e Fernando.

Estudou medicina na Universidade de São Paulo, e durante sua formação fundou, ao lado dos colegas, o curso preparatório Pré-med, que mais tarde se tornaria o sistema de ensino Objetivo. Após a conclusão do curso, ele se especializou em doenças infecciosas com o professor Vicente Amato Neto, no Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, Drauzio esteve trabalhando no Hospital do Câncer de São Paulo, especializando-se em oncologia.

Além disso, o médico foi um dos primeiros profissionais da saúde a trabalhar nos meios de comunicação temas como saúde e bem estar social, chegando a participar de campanhas sobre os métodos de prevenção e tratamento da AIDS. Ele ainda foi o pioneiro na pesquisa e tratamento do sarcoma de Kaposi no Brasil, e em 1989 desenvolveu pesquisas sobre a disseminação do HIV entre a população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru, onde trabalhou como voluntário.

Tal experiência  gerou o livro “Estação Carandiru”, que já vendeu mais de 500 mil cópias e, tempos depois, foi adaptado para o cinema. Atualmente, Drauzio faz um trabalho parecido na Penitenciária Feminina de São Paulo, além de dirigir um projeto na Amazônia, pesquisando plantas brasileiras que têm propriedades para  combater células tumorais malignas e bactérias resistentes a antibióticos.   

Drauzio, além de médico e pesquisador, também é escritor. Depois  de Estação Carandiru (1999), já publicou outros dois livros sobre suas experiências no sistema penitenciário, que  se tornaram minisséries da Rede Globo: Carcereiros (2012) e Prisioneiras (2017). Publicou também livros de crônicas, como Nas Ruas do Brás (2000), que foi premiado na Feira Internacional do Livro em Bolonha (Itália), Por um fio (2004), O Médico Doente (2007), Borboletas da Alma (2006) e Correr (2015).