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#FicaEmCasa: mas e quem não tem?

Em combate e prevenção ao novo coronavírus, uma série de medidas foi implementada pelas autoridades: uso de máscaras, higienização das mãos, lockdown, distanciamento social etc. Entretanto, tais parâmetros não são acessíveis a todas as pessoas – sobretudo àquelas em situação de rua.

Charge: Erasmo Spadotto

Em março, o Brasil começou a intensificar as medidas de combate a Covid-19. Nesse sentido, adotou-se medidas de higiene (como a limpeza das mãos e a desinfecção com álcool em gel), o uso de máscara e a prática do isolamento social. Todavia, em uma sociedade desigual como a que vivemos nem todos têm acesso a esses elementos (considerados básicos para a prevenção da doença). Assim, pessoas em situação de rua se tornaram um grupo extremamente vulnerável à doença, visto que estão expostas diariamente a contaminação nas ruas.

A orientação da Organização Mundial de Saúde é de ficar em casa; entretanto, nem todos possuem o privilégio de ter uma moradia. Assim, as políticas assistencialistas se tornaram ainda mais necessárias e rapidamente os governantes propuseram ações para atender a população que vive nas ruas – porém, algumas não muito efetivas, como a implantação de  pias e lavatórios em pontos das cidades (sem as pessoas ao menos terem sabonetes).

Além disso, o acesso à informação por essa camada ainda é fragilizado. Por isso, muitos não entendem o motivo do uso de máscaras ou por que se deve evitar aglomerações. Ou pior, para alguns, a única forma de sobrevivência é se aglomerando em pontos de apoio. O lockdown parcial implementado pelos prefeitos fez com que a captação de recursos dessa parcela diminuísse, já que muitos trabalham com reciclagem ou são ajudados por doações de civis. Com o comércio fechado, a continuidade dessas práticas se torna uma tarefa difícil.

A resposta para isso vem através da solidariedade. No país inteiro é possível observar movimentos de ONGs e cidadãos civis se sensibilizando para a causa. Em Belo Horizonte, por exemplo, houve uma parceria entre projetos sociais para a confecção e entrega de marmitas durante o período da pandemia, além da assistência com kits de higiene pessoal e agasalhos.

Em uma nação em que o símbolo máximo do governo não prioriza medidas sociais, a parte mais pobre da população é que sofre. Assim, podemos facilmente ver comentários e posicionamentos infelizes em relação à população que vive em situação de rua, como o de Bia Dória, analisado noutro texto do GrisLab: “a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua”.

Evelly Lopes, graduanda em Publicidade e Propaganda na UFMG e bolsista de Iniciação Científica pelo GrisLab



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