Deixando pessoas alvoroçadas e divididas entre apoio e desaprovação, com direito a prometer um mar para os belo-horizontinos. Com rajadas de asneiras e discurso de ódio aos montes, o furacão Jair, de categoria 5, passou pela capital mineira.
Tudo começou com um projeto chamado “Pensando o Brasil” promovido e criado pela Universidade FUMEC, em Belo Horizonte. Trata-se de um ciclo de debates e palestras ministradas pelos presidenciáveis e os possíveis candidatos ao governo de Minas Gerais. Não é muito fácil olhar com bons olhos o convite a um deputado federal conhecido por seu discurso violento, ultraconservador e intolerante para iniciar os círculos de debate. E claro, isso gerou revolta de um lado e admiração de outro.
Em sua chegada a Belo Horizonte, Bolsonaro (PEN-RJ) teve um grande público para recepcioná-lo aos gritos de “bolsomito”. Já outros alunos e ex-alunos se posicionaram contra a entrada do deputado na universidade, organizando uma manifestação contra o candidato, que foi concentrada na porta da universidade. Os que apoiam o deputado se envolveram em um confronto e a Polícia Militar teve que intervir para separar brigas. Essa confusão rendeu três detenções, uma delas por injúrias e racismo: um estudante (branco, hétero, cis e de classe alta) xingou aos berros os manifestantes de “macacos e aidéticos”.
Em certo momento da palestra ministrada na instituição, Bolsonaro afirmou que seus opositores tinham “cérebro de ovo cozido”. O público foi ao delírio e passou a gritar “ovo cozido” para uma pessoa que estava sendo expulsa pelos seguranças.
Esse tipo de ocorrência é muito grave, sobretudo quando se passa no seio de uma instituição de ensino superior. Ao ser questionada sobre o porquê de Bolsonaro ser o primeiro presidenciável do projeto, a instituição afirmou ter sido uma mera questão de agenda.
Além dessa palestra, Bolsonaro participou do TV Verdade, na Alterosa e de uma entrevista na rádio Itatiaia. As três ações do deputado resultaram em falas como:
É preocupante como uma pessoa dotada de um discurso tão violento se apresenta como candidato à presidência da república e, mesmo dizendo coisas tão terríveis, conta com apoio de parte do eleitorado do país.
A universidade permanece com o projeto e dessa vez ele contará com a presença do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), como possível candidato ao governo de Minas.
O diálogo é extremamente essencial para a democracia, isso é irrefutável. No entanto, não existe diálogo quando há “opiniões” machistas, racistas, homo/transfóbicas, intolerantes, violentas e que oprimem determinados grupos desfavorecidos. Há apenas um canal para disseminação de ideias opressoras, que geram retrocesso nas conquistas sociais: a fala e a escuta deixam de ser uma ferramenta essencial à democracia e se tornam uma arma contra o desenvolvimento social.
Paulo Basílio
Graduando em Publicidade pela PUC Minas