Análise | Especial Gênero e sexualidade

Não há mais espaço para machismo

A casa mais vigiada do país foi palco de comportamentos machistas, o que gerou debates dentro e fora da casa. Entretanto, a reação do público frente ao acontecimento demonstra que ainda há esperança. 

Foto: reprodução/Globo

É indiscutível que o Big Brother é uma grande fonte de entretenimento, sendo atualmente um dos programas de maior audiência da TV aberta. Entretanto, o show assume um papel que vai além disso – ele também pode ser considerado um experimento social, refletindo muito dos valores e comportamentos da sociedade contemporânea.

Em sua vigésima edição, o programa agora conta com a participação de famosos e anônimos na disputa de 1,5 milhão de reais. Entretanto, nem o nome público ou as várias câmeras presentes na casa impediram que grande parte do elenco masculino agisse de forma machista. Logo no início do reality, os brothers Hadson, Guilherme, Lucas, Felipe e Petrix (apelidados pela internet de “chernoboys”) protagonizaram cenas lamentáveis, em que o grupo fazia comentários machistas a respeito da aparência das colegas de confinamento.

Além disso, eles definiram como “estratégia de jogo” a sedução das mulheres comprometidas, no intuito de queimá-las com o público. O que para elas seria motivo de eliminação, para os homens comprometidos seria apenas parte do jogo. Entretanto, ao descobrir o plano, a participante Marcela contou para o restante do grupo, o que fomentou debates a respeito da atitude dos homens e as mais diversas reações dentro e fora da casa.

Tal episódio evidencia o machismo estrutural presente em nossa sociedade, sendo transmitido para milhares de telespectadores. Todavia, a reação do público frente ao acontecimento nos faz pensar que as coisas podem melhorar. Nas redes sociais, grande parte dos internautas repercutiram negativamente o ocorrido e obtiveram a conduta de eliminar os participantes envolvidos, restando apenas Felipe Prior atualmente. No programa, pode-se destacar também a reação feminina da casa, que não se manteve calada diante do ocorrido.

Todavia, no decorrer do programa ainda é possível observarmos atitudes machistas veladas – como por exemplo nos possíveis assédios ocorridos na casa, no relacionamento abusivo que Gabi e Guilherme mantinham, ou mesmo no pedido de desculpas de Flayslane para Daniel (por se sentir ofendida após uma fala machista dele). Dessa forma, percebemos que ainda há um longo caminho pela frente e o assunto deve continuar sendo pauta na mídia. Porém, a não validação nacional desse tipo de comportamento (por hora) já é importante, visto que demonstra uma mudança (mesmo que lenta e gradativa) no pensamento social.

Evelly Lopes, Graduanda em Publicidade e Propaganda na UFMG e Bolsista de Iniciação Científica pelo GrisLab



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