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Trump: the American Idiot

No ano das eleições presidenciais nos EUA a pandemia embaralhou os planos de Trump para a reeleição. Ao escapar do impeachment em janeiro, Trump caiu no acontecimento da Covid-19. E o ataque a Bagdá se tornou mero detalhe no histórico de idiotices trumpistas. O movimento #BLM e as mortes pelo coronavírus se apresentaram gigantes diante da mediocridade trumpista.  Tanto lá quanto aqui, no Brasil, com o nosso “trump dos trópicos”, o que se vê nas mídias seria uma competição para saber quem será o presidente mais idiota das Américas em 2020.

O ano das eleições presidenciais nos EUA já começou com uma grande idiotice do Trump, o ataque a Qasem Soleimani, em Bagdá. Pensou-se que o presidente havia apertado o botão vermelho da 3ª guerra mundial. Uma guerra em ano eleitoral poderia render votos à reeleição? Na sequência, Trump foi absolvido pelo Senado no processo de impeachment. Após a desorganização democrata nas prévias eleitoras de Iowa, a reeleição parecia próxima, mas quase no mesmo período os EUA registraram o primeiro caso de Covid-19.

Nova York, reduto democrata, se tornou um epicentro da doença nos meses seguintes, ao ponto de um navio hospitalar da marinha ser atracado na metrópole e um hospital de campanha montado no Central Park. Ruas vazias. Ao longo dos meses, a pandemia paralisa estados.

Com quase metade dos americanos com plano de saúde subsidiado pelo empregador, mais de 30 milhões ficaram sem emprego com a pandemia. Cerca de 1 milhão pediram seguro desemprego. E houve aumento de 46% na adesão ao Obama Care, entre abril e maio, programa que prevê planos de saúde mais acessíveis para a população.

O caso George Floyd fez eclodir a ira no mundo contra o racismo dos policiais “white powers” nos EUA. E, rápido no gatilho, Trump dispara mais duas idiotices. Primeiro retuita e depois exclui do feed do twitter vídeo de supremacistas gritando “poder branco”. Não bastasse, resolve tentar na Suprema Corte invalidar o Obama Care, no momento em que quase 500 mil pessoas se registraram no programa.

Ainda durante os gigantes protestos #BLM contra o racismo (um dos maiores movimentos da história dos EUA, segundo o NYT), Trump ordenou a repressão policial nos manifestantes e, depois, seguiu à frente da igreja de St John, em Washington, para posar à Imprensa segurando uma Bíblia. Líderes religiosos reagiram indignados: a freira Quincy Howardm exibiu cartaz “This is evil #BLM” e um padre da mesma igreja outro cartaz “God is not a photo opportunity”. Já Ezra Pashaj, de seis anos, foi mais direta: “Stop being mean, Donald Trump!

E a pandemia se alastra debaixo dos narizes dos governos. Estados populosos como Califórnia, Texas e Flórida (esses dois últimos republicanos) voltam a fechar a economia, junto com mais 13 estados que pausaram a reabertura econômica. A situação piora entre jovens com menos de 35 anos nos estados do sul. A cada dia os EUA batem recordes de novos casos.

Trump se recusa a usar máscara. Diz não querer parecer idiota diante da Imprensa. Líderes republicanos literalmente se afastam do presidente (inclusive o vice Mike Pence). Trump, o american idiot, encara a máscara como uma declaração política contra ele. E seus eleitores idiotas o seguem. Isso por que Joe Biden apareceu de máscara.

Na dinâmica do ano eleitoral nos EUA talvez se imagine que exista uma agenda caipira global associada ao populismo e à extrema direita contra a civilização nas metrópoles cosmopolitas (defensora dos direitos civis). Mas tanto as idiotices de lá quanto as daqui, com o nosso “trump dos trópicos”, só nos mostram que estamos diante de uma competição para saber quem é o presidente mais idiota das Américas.

Ricardo Duarte Gomes da Silva, doutor em Comunicação Social pela UFMG; professor do Departamento de Comunicação Social da UFV; jornalista



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