O mundo volta seu olhar para o Brasil e sua epidemia de Zika vírus. Mais de 3 mil casos de microcefalia estão sendo investigados do país e o vírus pode ser um dos causadores do surto.
Em meados do ano passado a população brasileira se deparou com mais uma doença, a Zika, que inicialmente foi tida como apenas uma entre inúmeras provocadas pela chegada do verão. O que não se imaginaria é que a tal doença causada pelo famoso mosquito Aedes aegypti, que também é causador da dengue e da febre chikungunya, colocaria o país em alerta.
Com o passar dos meses, a Zika foi afetando cada vez mais pessoas. Juntamente com a proliferação da doença, houve um crescente número de casos de microcefalia e outras infecções congênitas, que foram associadas ao contato de grávidas com o vírus.
Atualmente, o Ministério da Saúde investiga 3.670 casos suspeitos de microcefalia no Brasil; deste total 404 já foram confirmados. Segundo informações contidas na página na internet do Ministério da Saúde, desde o início das investigações no dia 22 de outubro de 2015, a incidência do vírus foi registrada em 156 municípios de nove estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A região Nordeste concentra 98% dos municípios com casos confirmados, sendo que Pernambuco continua com o maior número de municípios (56).
Com o crescente número dos casos no Brasil, nos demais países da América Latina e alguns nos Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) por conta do Zika vírus e sua possível relação com a microcefalia e síndromes neurológicas. A OMS espera que a declaração de emergência de saúde pública contribua para a parceria entre os países do mundo inteiro para o enfrentamento ao vírus.
Enquanto o desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o vírus Zika não são criados, o Ministério da Saúde, junto com estados e municípios, vêm fazendo uma força tarefa de combate ao mosquito causador e sua proliferação.
As autoridades da saúde orientam que mulheres grávidas, principalmente no primeiro trimestre de gestação, adotem medidas mais severas para se proteger do Aedes aegypti. O pânico, sobretudo entre as grávidas, é crescente.
É perceptível, quando se acompanha os noticiários, perceber a extensão e importância do problema causado pelo vírus Zika. A prevenção e eliminação do mosquito causador, no momento, é a única medida concreta e única solução disponível apontada pelo Ministério da Saúde e outros órgãos, como a OMS, já que vacinas ainda não foram descobertas.
Cabe-nos indagar pelo significado desta e outras epidemias que têm afligido o mundo em nossos dias; negligência dos organismos responsáveis e dos programas de pesquisa? Ou o retorno implacável da natureza, mostrando, no final das contas, a fragilidade da espécie humana e de sua pretensão de tudo controlar?
Lívia Barroso
Doutoranda do PPGCOM-UFMG
Pesquisadora do Gris
Esta análise faz parte do cronograma oficial de análises para o mês de fevereiro, definido em reunião do Grislab.