Análise | Diário da Quarentena Esportes

A volta do futebol em meio a pandemia

Recentemente, a discussão pela volta do futebol tem tomado força. Em alguns locais, os campeonatos estaduais já retomaram os jogos presenciais o que pode piorar a crise sanitária que estamos enfrentando.

Charge: Mario Alberto

Paralisados há pouco mais de 3 meses, o retorno dos campeonatos futebolísticos voltou a ser manchete nos principais jornais do país. Assim como as diferentes medidas de combate e prevenção à Covid-19 adotadas de forma independente em cada cidade, no futebol também não há linearidade a respeito do regresso dos jogos e treinamentos.

Dessa forma, enquanto alguns campeonatos já estão com as partidas presenciais, outros defendem a inviabilidade de tal proeza em plena pandemia. Vale lembrar que a maioria dos clubes já retomaram com suas atividades de treinamento, alguns antes mesmo do aval burocrático da confederação estadual a qual pertencem, como é o caso do Flamengo

Como já exposto em outra análise, é de interesse do presidente Jair Bolsonaro que os campeonatos sigam adiante, a fim de atestar a normalidade do país frente à crise sanitária e enfraquecer as medidas de isolamento tomadas por alguns governadores. Para isso, ele está buscando apoio através de articulações, como ocorreu no último dia 18 – quando editou a MP 984 e reconfigurou o modelo de negociações dos direitos de transmissões das partidas após encontrar Rodolfo Landim, diretor do clube rubro negro. 

Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de países com maior número de mortes por Covid-19 no mundo. Todavia, essa informação não parece assustar a maioria dos cartoleiros encarregados pelo futebol do país (setor responsável por grande movimentação econômica), que querem a volta dos jogos com público, um dos principais contribuintes na receita dos times. 

O Campeonato Carioca já adotou a continuidade com jogos presenciais – mesmo após cinco jogadores do Botafogo testarem positivo para o vírus  – e prevê a participação do público a partir de 10 de julho. Tais medidas foram alvo de protesto entre apenas dois (Fluminense e Botafogo) dos 12 times que compõem a liga carioca.

No país que possui mais de um milhão e quatrocentos casos de Covid-19 confirmados, pensar na retomada de partidas futebolísticas é algo que soa como piada (de mau gosto). Para além do campo, esse regresso pode se tornar um incentivo a mais para aqueles que não estão respeitando a medida de isolamento, resultando em reuniões para assistir aos jogos, por exemplo. Nesse contexto, é válido se questionar, a partir de uma frase comum no âmbito do futebol: até onde se deve “dar a vida pelo time”?

Evelly Lopes, Graduanda em Publicidade e Propaganda na UFMG. Bolsista de Iniciação Científica pelo GrisLab




Comente

Nome
E-Mail
Comentário