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A ciência brasileira e o coronavírus

Com a recente pandemia do Covid-19, a descoberta de uma  vacina se tornou uma prioridade mundial. Entretanto, no Brasil é possível percebermos que o investimento em ciência não faz parte do interesse do governo.

Foto: Agência Gestão CT&I

É indiscutível que temos vivido dias caóticos. Em tempos de pandemia, rotinas são afetadas, economias alteradas e a incerteza se faz constante. Assim, solucionar o problema torna-se prioridade — o que no cenário atual significa encontrar uma vacina que combata a doença. Todavia, analisando o histórico de ações do atual governo fica evidente que ciência não é primazia para o Estado, o que pode ser um fator prejudicial no combate ao novo coronavírus.

Em 2019, a gestão de Jair Bolsonaro anunciou uma série de cortes e bloqueios nas verbas destinadas para a educação, além do projeto Future-se. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano passado o ministério que mais sofreu cortes orçamentários foi o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o que aponta um sério descaso da administração com o investimento científico. Além disso, o ministro da educação Abraham Weintraub chegou a se referir às atividades exercidas nas universidades como “balbúrdia”, menosprezando os trabalhos científicos e culturais realizados nos espaços.

Como resultado do desmonte, mais de 10 mil bolsas de pós-graduação foram afetadas, fazendo com que muitos pesquisadores tivessem que pausar ou cancelar seus projetos, impactando diretamente na produção científica nacional. Considerando o cenário atual, é perceptível a importância do investimento em tecnologia e pesquisa, visto que quem domina esses itens possui a chance de deter o vírus em maior velocidade.

Entretanto, apesar dos ataques, as universidades e seus pesquisadores ainda resistem. Recentemente, um grupo formado majoritariamente por mulheres realizou o sequenciamento genético do coronavírus em apenas 48 horas (o que foi considerado um tempo recorde). Além disso, os cientistas brasileiros estão desenvolvendo uma técnica própria na busca pela vacina da doença que, diferentemente das tradicionais, poderá induzir uma resposta imunológica mais eficiente. Ainda é possível ressaltar o importante papel que as universidades vêm cumprindo neste momento. A Universidade Federal de Minas Gerais, por exemplo, disponibilizou seus laboratórios para a realização de testes diagnósticos da Covid-19 e está realizando ações de orientação para a população.

Em tempos de crise, investir em ciência e tecnologia é ainda mais essencial. Porém, além do olhar do poder público, é necessário o apoio da comunidade para seguir lutando em busca do desenvolvimento, com a consciência de que nossos trabalhos não são balbúrdia e nem perda de tempo, mas sim a esperança de um futuro melhor.

Evelly Lopes, graduanda em Publicidade e Propaganda na UFMG
Bolsista de Iniciação Científica pelo GrisLab



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