A pandemia da Covid-19 afetou as mais distintas atividades comerciais, mas o turismo, de negócios ou lazer, foi uma das mais impactadas. Apenas pelo Aeroporto de Confins, em 2019, circularam mais de 11 milhões de pessoas. Março e abril, deste ano, foram os piores meses desde que a nova gestão aterrissou por lá, em 2013. Agora, com a tentativa de reabertura de algumas cidades, “Confins” espera decolar novamente.
Nos últimos anos, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, experimentou crescimento vertiginoso de passageiros, voos e de melhorias. O motivo é bem claro. O complexo foi concedido à iniciativa privada em 2013. A concessão vale por 30 anos. Assim, a BH Airport, formada pelo grupo CCR e Zurich Airport, passou a deter 51% de participação no aeroporto. A Infraero ainda possui 49%. Desde a chegada dos novos administradores, o espaço vem sendo transformado. O público ganhou mais opções de lojas e de serviços. Em 2016, um novo terminal para voos internacionais foi construído e a capacidade de passageiros-ano pulou para 22 milhões. De aeroporto acanhado e com parcos atrativos, “Confins” passou a ser considerado um dos melhores do mundo. Nada parecia frear toda essa pujança. Parecia. Veio a pandemia da Covid-19.
De acordo com dados coletados no site da BH Airport, houve queda de 38% do número de passageiros (embarque e desembarque) em março deste ano – quando BH entrou em isolamento social – em relação ao mesmo período do ano passado. Para se ter ideia, em 2019, mais de 11 milhões de passageiros passaram pelo complexo da Grande BH. Apenas em março do mesmo ano, 8.2 mil aeronaves tocaram a pista do aeroporto. Em 2020, no mês foram registradas 5,9 mil. Redução de 27%.
De acordo com reportagem do jornal Diário do Comércio, em abril deste ano, cerca de 35 mil passageiros circularam ali, sendo que a expectativa era de aproximadamente 1 milhão. Ainda conforme a publicação, os voos diários caíram de 350 para 30. Agora, com o movimento de reabertura de BH e de algumas cidades estratégicas, a concessionária espera que o aeroporto decole novamente. Entretanto, um antigo sonho dos gestores, a construção da segunda pista, deve demorar um pouco mais, uma vez que, em 2019, a obra foi condicionada ao aumento de movimento na pista.
O complexo de Confins reduziu as suas forças, mas não parou; afinal, é por lá também que chegam os itens de combate à Covid-19. É o caso do dia 01/06, quando desembarcaram pelo menos 2 milhões de testes rápidos vindos da China.
Aliás, essa deve ser a cena dos próximos meses. Aeronaves que chegam de outros países só devem trazer mesmo produtos contra a pandemia. A retomada dos voos internacionais, como informou a concessionária, será mais demorada. É óbvio que a pandemia afetou inúmeras atividades comerciais, mas o turismo, seja de negócios ou de lazer, foi uma das mais impactadas. A crise atingiu, portanto, em cheio os aeroportos, símbolos de um mundo globalizado, onde pessoas apressadas com malas ou mochilas circulam em um vai e vem frenético. Como temos sentido bem concretamente, a Covid-19 afeta a liberdade de ir e vir.
Rafael Campos, jornalista e mestre em Análise do Discurso pela Faculdade de Letras (Fale/UFMG)