Análise | Esportes Questões raciais

O antirracismo no futebol

Casos recentes de racismo no futebol europeu mostram como o esporte e suas instituições estão a passos lentos em direção à igualdade racial. Mas as reações dos jogadores se fortalecem como antirracismo e pressionam por mudanças.

Pierre Webo, no jogo de 08 de dezembro. Embaixo, à direita, Neymar. Fotomontagem: reprodução / Mail Online Sports

No último dia 08 de dezembro aconteceu um ato histórico para o futebol, em uma partida da Champions League entre Paris Saint Germain e Istambul Basaksehir. Na ocasião, o quarto árbitro do jogo foi acusado de cometer atos racistas contra Pierre Webo, que pertence à comissão técnica do time russo. A resposta dos jogadores veio em seguida: todos os atletas e suas comissões auxiliares se retiraram de campo, recusando dar continuidade ao jogo até que alguma medida fosse tomada (o que ocasionou no adiamento da partida).

Infelizmente situações como essas são comuns no futebol, já que o esporte é um constituinte da sociedade e reflete seus valores. No dia 13 de setembro, por exemplo, o astro Neymar (jogador do PSG) também foi vítima de ofensas racistas por parte do espanhol Álvaro González. Na ocasião, o brasileiro não se conteve e acabou sendo expulso da partida, enquanto seu colega de trabalho não sofreu nenhuma punição (nem dentro ou  fora de campo).

Desde então o ídolo da seleção canarinha vem se posicionando constantemente a respeito do antirracismo e seus desdobramentos, e chegou a ser um dos líderes da ação do jogo da Champions League. Ele, que quando mais novo chegou a declarar que não se considerava negro, parece ter sentido na pele  a importância de se discutir questões raciais e de se posicionar Afinal, o racismo não é um tema abstrato, mas atinge a vida, a sobrevivência e a dignidade de cada indivíduo negro em nossas sociedades.

A ação prática dos jogadores desta vez nos traz um novo ânimo. As entidades reguladoras do futebol (como FIFA e UEFA) estão cada vez mais pressionadas a se posicionarem efetivamente na luta antirracista para além do discurso formal, aplicando punições não somente para os clubes ou torcidas, mas também para seus atletas e funcionários internos. É hora de reafirmar o discurso e colocá-lo em prática, não somente no futebol mas em toda sociedade.

Evelly Lopes, graduanda em Publicidade e Propaganda na UFMG



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