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Governo Bolsonaro usa estratégia criminosa e dissemina mentiras em tempos de coronavírus

Em tempos de coronavírus, a epidemia das fake news também assola o Brasil. Várias notícias com informações falsas circulam entre nós, fazendo a população questionar as medidas de isolamento social e desobedecer às recomendações. Muitas mentiras, divulgadas inclusive pelo Presidente da República, prejudicam o trabalho sério de profissionais de saúde na tentativa de combater a doença.

Acontecimentos são ocorrências que emergem no cotidiano das pessoas provocando certa desorganização no estado das coisas. E sua dimensão varia muito. Há acontecimentos com impactos locais, mais restritos. E há aqueles que afetam milhares de pessoas. Há acontecimentos que se resumem a um fato e outros que se desdobram numa infinidade de nuances. A pandemia do novo coronavírus é um acontecimento que não só afeta milhares de pessoas no mundo inteiro, como se constitui de muitas ocorrências simultâneas, portanto ela é global e se desdobra em várias situações.

Essa pandemia se dá num contexto em que há outro fenômeno grave que altera a maneira que a compreensão e a significação das coisas são construídas. A circulação de fake news também afeta o mundo todo e acompanha o desenrolar da nossa compreensão sobre o Covid-19. As informações falsas em formato de notícias se espalham como um rastro de pólvora e provocam consequências graves na maneira como a população lida com a ameaça do coronavírus.

A estratégia de afetar a opinião pública com base na disseminação de fake news se mostrou tão eficiente que passou a ser o modus operandi de governantes para conquistar apoio das pessoas e motivar atitudes perigosas. Parafraseando o Sindicato dos Jornalistas (MG), que lançou a hashtag #desinformaçãomata: “Desinformação também mata. Não dissemine o vírus da informação falsa. Ele também pode matar ”.

O governo Bolsonaro e seus apoiadores usaram muitas fake news na campanha eleitoral em 2018 e agora, na pandemia de coronavírus, mesmo sendo algo que coloca a vida de milhares de pessoas em risco, seguem utilizando. Uma postura criminosa que fica impune mais uma vez, mas que neste contexto tem como consequência a desmobilização da população brasileira com algo tão sério que é lidar com essa doença. Inclusive, o Brasil tem sido internacionalmente criticado por isso. Enquanto o mundo se isola em casa tentando amenizar o problema, Bolsonaro dissemina mentiras e convoca a população a voltar ao trabalho e às ruas.

Notícias mostrando discursos mentirosos circulam e ganham apoio do próprio Presidente, como no caso da mulher que se disse professora e pediu a reabertura do comércio e do vídeo divulgado por um homem dizendo que o Ceasa (MG) estava desabastecido.

Além dessas fake news que têm um uso político e disputam a opinião pública, ainda temos que lidar com mentiras sobre a doença, formas de prevenção, vacinas e medicamentos. Nesse contexto, o Ministério da Saúde está tendo um trabalho extra para combater informações falsas e/ou equivocadas. E grandes veículos de comunicação também se mobilizam na tarefa árdua de verificar o que é verdade ou não sobre o Covid-19.

O pior é que além do país ser governado por um presidente que dissemina mentiras impunemente, observamos que este comportamento antiético também é uma prática entre as pessoas comuns. Defendendo os mesmos valores do governo, elas inventam informações e situações falsas, sob a justificativa de salvar a economia do país e consideram essa uma prática legítima.

Maíra Lobato, Mestra em Comunicação Social pela UFMG



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