Análise | Diário da Quarentena Religião

Papa Francisco: liderança e solidariedade no enfrentamento da pandemia

Desde que os primeiros casos de coronavírus foram notificados, doentes e profissionais da saúde se tornaram presentes nas homilias e orações do pontífice, que também tem tomado medidas concretas para o combate e prevenção da doença.

O Papa na Praça São Pedro, no 27/03/2020. Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters

No dia 27 de março, papa Francisco protagonizou uma das imagens mais simbólicas destes tempos de isolamento social ao caminhar sozinho na Praça São Pedro para conferir uma bênção especial a Roma e ao mundo. A excepcionalidade da bênção Urbi et Orbi, que é concedida apenas na Páscoa e no Natal, demonstra não só a preocupação do pontífice com a gravidade da pandemia como também o esforço do líder religioso para alimentar a fé e a esperança de inúmeros fiéis em quarentena pelo mundo.

Outro gesto significativo durante a bênção foi o momento de oração do pontífice diante do crucifixo, que em 1522 foi levado em procissão pelos bairros de Roma para acabar com a peste. A imagem, que é considerada milagrosa, tinha sido visitada por Francisco poucos dias antes da bênção e foi transferida para o Vaticano especialmente para o momento de oração.

Como líder religioso e chefe de Estado, papa Francisco tem se mostrado atento aos problemas sociais e econômicos decorrentes da pandemia. Alinhado ao pedido do secretário-geral das Nações Unidas, ele apelou pelo cessar-fogo global e imediato de modo que todos os países possam focar no combate ao vírus. O pontífice também tem reforçado a importância de seguir as recomendações da OMS e, em carta enviada ao presidente da Comissão Pan-Americana de Juízes para os Direitos Sociais, elogiou os governos que tem priorizado a vida em detrimento da economia. Segundo Francisco, “seria triste se o oposto fosse escolhido, o que levaria à morte de muitas pessoas, algo como um genocídio viral”.

Outra forma de atuação do pontífice no enfrentamento do coronavírus é o incentivo à caridade. Além de doar 30 respiradores para hospitais na Itália e Espanha, o Vaticano intensificou a atuação da Esmolaria Apostólica para a manutenção de centros de acolhimento, refeitórios e também obras de assistência aos mais vulneráveis. O papa também tem incentivado que paróquias e dioceses ao redor do mundo deem sua contribuição material e espiritual durante a pandemia.

Na Itália, destacam-se ações como a abertura de estruturas religiosas para hospedar doentes e voluntários; confecção e doação de máscaras por Congregações Religiosas e também doações em dinheiro. A Conferência Episcopal Italiana destinou 3 milhões de euros para  unidades de saúde e  10 milhões de euros para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social.

Guiada por Francisco, a Igreja Católica dá passos concretos para sair de seus muros e ir ao encontro dos mais necessitados. Unindo-se a voz das vítimas do coronavírus, dos pobres, encarcerados, pessoas em situação de rua ou em qualquer outra forma de vulnerabilidade, Francisco alerta os católicos e o mundo para a urgência do cuidado e da valorização da vida acima de qualquer interesse político e econômico.

Fabíola Souza, professora da UFOP e pesquisadora do Gris



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