Análise | Celebridades e Figuras Públicas Diário da Quarentena Infância, juventude, 3ª idade

Necessidades e Urgências

Não estamos com ‘paciência’, professores e alunos, para organizar conteúdos, mas ‘estamos diante da vida e da morte’, e nestes momentos, um cidadão se forja de verdade.

Fonte: Canva

A escola privada tenta ‘mostrar serviço’ neste momento de quarentena, com pais e mães em casa, professores com filhos em casa, improvisação no uso de tecnologia etc. Ela depende do pagamento das mensalidades e tem que justificá-lo Em um mês, já vimos muita confusão. Especialmente por que, como era previsível, não se improvisa um Ensino Não Presencial – já que, isso acontecendo, NÃO É Ensino à Distância.

O nó é a velha educação ‘bancária’, ou seja, a valorização do ‘conteudismo’. Mesmo com a influência de Perrenoud nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, trazendo os termos ‘habilidades e competências’ para os documentos oficiais, tem voltado com força – inclusive no Enem – a ideia de que o importante é o acúmulo de conhecimentos, ao invés de saber lidar e filtrar a imensa gama de informações que recebemos. O ‘CONTEÚDO’ se encontra hoje a um clique de qualquer pessoa com acesso à internet.

O que temos agora é a NECESSIDADE HISTÓRICA DO MOMENTO: refletir sobre os valores cidadãos de higiene, respeito à ciência, solidariedade, direitos humanos e sociais. Qual é o papel da ‘educação regular’ agora? Ela pode oferecer conteúdo aos alunos ‘conteudistas’, mas deve muito mais  ser o espaço – não físico, mas cultural – de formação cidadã que dela se espera. Diante de pessoas e grupos que chamam as outras para ‘voltar ao trabalho’ no meio de uma ‘peste’ (uso o termo ‘clássico’ porque ele é historicamente forte), ela mostra o quanto a educação passada fracassou.

Professores e alunos, estabeleçam uma escala de disciplinas, podendo se organizar melhor assim na vida pessoal. Utilizem o contato online; não é necessário criar muito material online – há muitos de qualidade na internet, de acesso gratuito -, sendo preciso, no entanto, focar no material a ser enviado para alunos com acesso limitado à rede. E, antes de tudo, desenvolvam a importância da autonomia, responsabilidade e solidariedade. Alguma atividade avaliativa? Por que não? Mas apenas para consolidar, sem ‘conteudismo’.

‘Falta de meios’ não é problema, pois não é momento de se pensar em ‘aprendizado de conteúdo’. Aliás, nunca foi, e o Brasil atual mostra isso. Enfatizamos sempre muito o conteúdo e chegamos no buraco que estamos, com pessoas comuns e/ou ilustres brigando com os epidemiologistas do mundo todo.

Falta amor no mundo, mas falta também interpretação de texto. Nossos jovens e crianças precisam entender o mundo que estão vivendo agora, quando a crise está acontecendo. Se não, picaretas em todas as áreas é que terão o poder de fala. E eles estão tendo este poder.

Luis Alberto Bassoli, formado em Filosofia pela PUC Minas, especializado em Docência do Ensino Superior pela UCAM. 29 anos como educador, sete deles como Diretor Geral de escola comunitária na Rede Sebrae. Servidor Público do IFES, Campus Montanha




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